4 Abril 2012, Vermelho http://www.vermelho.org.br (Brasil)
Cerca de 500 pessoas compareceram no ato em solidariedade ao Dia da Terra Palestina, que ocorreu na Faculdade Cásper Líbero, na última sexta-feira (30). O evento teve a participação do Professor Doutor Paulo Daniel Farah e do cartunista Carlos Latuff, que expôs suas charges e debateu com os participantes sobre a situação dos palestinos.
Na atividade, que faz parte do 3º Festival Sul Americano da Cultura Árabe, Latuff produziu charges ao vivo enquanto eram declamadas poesias árabes. Após esta intervenção, deu-se início a um debate sobre o tema.
O cartunista, que desenha sobre a Palestina desde 1999, contou para os participantes a experiência que teve no local e como usa do trabalho artístico para contribuir com a luta dos povos pela paz. “O que temos na Palestina e Israel é uma questão imperialista. Existe um lobby pró-Israel que tenta neutralizar qualquer tipo de discussão, de debate, de charges”, denunciou.
Para ele a falta de informação trazida pelos meios de comunicação faz com as pessoas desconheçam a real situação vivida na Palestina.
Guerra é negócio
Ao ser questionado sobre o que poderia ser feito para a resolução do conflito, Latuff disse acreditar que Israel não está interessado num acordo de paz, pois lucra muito com a guerra. “O Estado de Israel, enquanto entidade política associada aos Estados Unidos, ganha muito mais vivendo esse clima constante de conflito”. Para ele é preciso que a situação se resolva com justiça “não dá para passar mais décadas esperando, assistindo as pessoas sendo mortas, retiradas de suas casas. É preciso dar um basta!”.
O cartunista criticou a falta de solidariedade das pessoas e fez um apelo: “O direito ao retorno é fundamental, direito de voltar para a própria terra. A justiça é o caminho da paz. Existe uma construção feita cuidadosamente pelo Estado, as pessoas são doutrinadas a acreditar que o palestino é inimigo, terrorista é preciso que se comece a quebrar esses estereótipos”.
Fórum Social Palestina Livre
A respeito do Fórum Social Mundial Palestina Livre, que vai ocorrer em Porto Alegre em novembro deste ano, Latuff se mostrou otimista e afirmou que será uma boa oportunidade para definir metas e estratégias que contribuam com a causa. O professor doutor Paulo Daniel Farah, que foi o coordenador da mesa, acredita que há uma mobilização mundial forte em prol da solução pacífica para o conflito e apoio aos direitos dos palestinos a um Estado soberano. “Espero que o fórum consiga cumprir o objetivo de mostrar a importância deste debate, sempre no espírito da não violência e da cultura da paz”, disse.
Solidariedade com os povos
Para o secretário geral do Cebrapaz, Rubens Diniz, uma atividade como esta é uma forma inteligente e eficiente de desenvolver a solidariedade com povos em luta. “Necessitamos chegar às pessoas que não possuem informação sobre o tema, sobre as condições de vida do povo palestino, dos abusos que são cometidos pelas forças de Israel. É necessário falar do direito do povo palestino possuir seu Estado”, disse.
O conselheiro do Cebrapaz, Igor Fuser, lembrou que durante a semana o músico britânico Roger Waters fez uma declaração de apoio à causa palestina e que o ex-integrante do Pink Floyd defende uma campanha de boicote a produtos israelenses. “É uma coisa concreta que nós brasileiros talvez possamos fazer de apoio ativo à causa palestina. Boicotar produtos que são feitos com base na opressão de um povo inteiro”, sugeriu.
Dia da Terra Palestina
O dia 30 de março é lembrado pelos palestinos como símbolo de luta pela libertação de sua pátria e seus direitos ao retorno às suas terras e propriedades. Esta data é marcante, pois, em 1976, o povo palestino sofreu uma repressão violenta por parte do Exército de Israel ao se manifestar contra a invasão em seus territórios.
É o que explica o diretor da Federação Árabe Palestina do Brasil (FEPAL), Emir Mourad, presente nas atividades. “Uma greve geral e passeatas foram organizadas nas cidades árabes de Israel - da Galileia ao Negev - em reação ao anúncio do plano do governo israelense de expropriação de uma área de 25.000 metros quadrados, na Galileia - por "razões de segurança e para construção de assentamentos".
Além disso, uma área ainda maior, situada em três aldeias na área de Al-Mil, foi declarada zona militar fechada, visando a construção de nove assentamentos judaicos.” Durante as manifestações, seis palestinos foram mortos na área de Al Jahil, desde então é celebrado o dia da Terra Palestina.
Este evento foi organizado pelo Cebrapaz, FEPAL, FEARAB, BIBLIASPA e o Comitê Estado da Palestina Já. Nos próximos meses, o Cebrapaz e a BIBLIASPA vão desenvolver um curso sobre a história Palestina para estudantes e interessados em geral. Outras informações no email: info@bibliaspa.org
Para conhecer os trabalhos feitos pelo cartunista Carlos Latuff acesse o blog: http://latuffcartoons.wordpress.com/
Érika Ceconi, do Cebrapaz (www.cebrapaz.org.br)
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